Uma feliz tentativa.
AVISO: A crítica abaixo contém forte influência nostálgica.
Pouco tempo depois do seu período de lançamento, o filme da família de super-heróis da Marvel havia se revelado um semi-presente de grego à mim na locação de um DVD original em um sábado que incrivelmente continua fresquinho nessa memória traiçoeira. Por que digo isso, afinal? Eu adquiri uma impressão indecisa do longa na época, não sabendo se tinha curtido de montão ou com ressalvas muito pesadas, mas uma cabeça de 10 anos não é apta ao desenvolvimento de senso crítico, então, nesse caso, eu não ligava para as conclusões mal-definidas, apenas assistia repetidamente até o dia da devolução por justamente não passar de um filme de ação com super-heróis uniformizados.
A adaptação sob o comando de Tim Story imprime um teor mais enxuto no tocante à origem dos heróis aliado à contida infidelidade aos quadrinhos que nem sempre é motivo para descreditar uma produção bem-intencionada (o que cabe, obviamente, o interesse lucrativo). As performances de cada um dos membros são geradoras propulsivas à dinâmica familiar entre amigos que tinham acabado de sofrer um acidente no meio de uma tempestade cósmica e por conseguinte ganharam poderes diversos. Chris Evans, bem antes de se sagrar no estrelato como o herói patriota da Marvel, entrega um Johnny Storm que se resume à destoação ao grupo quase que integralmente voltado ao alívio cômico com raros toques de seriedade, é o típico bobalhão da turma que vê o "lado bom" dos problemas (mesmo superaquecendo a uma temperatura capaz de destruir a vida na Terra), além de se fazer como fio condutor em relação a como os heróis passaram a ser conhecidos desde o incidente. A primeira experiência heroica é tão involuntária quanto determinante.
Diferentemente de Johnny, os outros três não enxergam essa festa divertida sobre ter poderes a serem usados para exibicionismo (que é o intuito primário do Tocha-Humana) enquanto salvam vidas. Sue, Reed e Ben estão afim de serem curados o mais depressa possível, pois o fracasso retumbante da missão espacial estimulou-os a tomarem uma perspectiva altamente negativa dessa dádiva que tratam como maldição. Nenhum herói surge do acaso. O ponto mais irritante certamente é Ben Grimm, o Coisa (não tinha nomezim mais criativo, não?). A caracterização do peso-pesado do time é sofrível (nunca me passou pela cabeça que aquilo era borracha! o_o) e natural que na infância a grande maioria do público que hoje não vê com bons olhos certos filmes que outrora ovacionava não pegou esse ranço imediato por ser uma estética aceitável que age em conformidade com a galhofa tolerada por faixas etárias menos exigentes. Mas não dá pra ser injusto com essa escolha. Antes uma maquiagem prática e barata do que efeitos a nível de Playstation 2, mesmo que seja essa droga. Jessica Alba e Ioan Gruffund exalam a química esperada entre o casal Sue e Reed (as atuações medianas são OK).
Os processos de descoberta e adaptação dos poderes sofrem execuções a princípio mornas mas que progridem organicamente quando testados e o grupo assume uma ideia da extensão que eles podem atingir (a consequência da extrapolação só é destacada em Sue com o uso máximo do campo de força que lhe provoca hemorragia nasal e nunca vou entender porque esse foco de limitação prejudicial ser dado unicamente à ela). Agora vem a parte polêmica dessa bagaça, o vilão selecionado para enfrentar logo de primeira a equipe. Dr. Destino é uma falha ao mesmo tempo que também realiza um acerto. Pode não ser uma contraparte à altura dos quadrinhos, mas a construção de sua vilania segue perfeitamente no mesmo ritmo que a do heroísmo de seus ex-parceiros de trabalho, ainda que seja notável uma superficialidade tremenda e escancarada no acabamento final da performance até pra quem não conhece o personagem diretamente das suas origens quadrinísticas. Claro que a produção seria "covarde" em não apostar na fidelidade inserindo o vilão Toupeira em detrimento de outro com inigualável apelo de ação e fornecedor de possibilidades adaptativas que se cruzam com o roteiro.
Algumas cenas entediantes merecem ser puladas sem culpa, como o romance entre Ben e Lisa (inclusivo por parte do enredo como também correspondente ao drama do Coisa infeliz com sua nova aparência repulsiva a olhares que creem saber o que é ou não normal) e muita conversa acabou deixando a lentidão ficar mais evidente do que deveria. É do tipo de filme que reserva o gran finale com bastante gosto propositalmente colocando enrolações para fomentar expectativas e manter o espectador visualizando, embora a condução pouco contribua para garantir isso efetivamente (estou me referindo ao segundo ato que segue nas descobertas, nos testes, nos papos, o que gera uma falta de andamento interessante, não que eu quisesse ver uma balbúrdia explosiva digna de uma cinematografia de Michael Bay, é a composição executada que dirá se vale ou não julgar determinados momentos positiva ou negativamente dentro de um bloco de suma importância).
Considerações finais:
A adaptação sob o comando de Tim Story imprime um teor mais enxuto no tocante à origem dos heróis aliado à contida infidelidade aos quadrinhos que nem sempre é motivo para descreditar uma produção bem-intencionada (o que cabe, obviamente, o interesse lucrativo). As performances de cada um dos membros são geradoras propulsivas à dinâmica familiar entre amigos que tinham acabado de sofrer um acidente no meio de uma tempestade cósmica e por conseguinte ganharam poderes diversos. Chris Evans, bem antes de se sagrar no estrelato como o herói patriota da Marvel, entrega um Johnny Storm que se resume à destoação ao grupo quase que integralmente voltado ao alívio cômico com raros toques de seriedade, é o típico bobalhão da turma que vê o "lado bom" dos problemas (mesmo superaquecendo a uma temperatura capaz de destruir a vida na Terra), além de se fazer como fio condutor em relação a como os heróis passaram a ser conhecidos desde o incidente. A primeira experiência heroica é tão involuntária quanto determinante.
Diferentemente de Johnny, os outros três não enxergam essa festa divertida sobre ter poderes a serem usados para exibicionismo (que é o intuito primário do Tocha-Humana) enquanto salvam vidas. Sue, Reed e Ben estão afim de serem curados o mais depressa possível, pois o fracasso retumbante da missão espacial estimulou-os a tomarem uma perspectiva altamente negativa dessa dádiva que tratam como maldição. Nenhum herói surge do acaso. O ponto mais irritante certamente é Ben Grimm, o Coisa (não tinha nomezim mais criativo, não?). A caracterização do peso-pesado do time é sofrível (nunca me passou pela cabeça que aquilo era borracha! o_o) e natural que na infância a grande maioria do público que hoje não vê com bons olhos certos filmes que outrora ovacionava não pegou esse ranço imediato por ser uma estética aceitável que age em conformidade com a galhofa tolerada por faixas etárias menos exigentes. Mas não dá pra ser injusto com essa escolha. Antes uma maquiagem prática e barata do que efeitos a nível de Playstation 2, mesmo que seja essa droga. Jessica Alba e Ioan Gruffund exalam a química esperada entre o casal Sue e Reed (as atuações medianas são OK).
Os processos de descoberta e adaptação dos poderes sofrem execuções a princípio mornas mas que progridem organicamente quando testados e o grupo assume uma ideia da extensão que eles podem atingir (a consequência da extrapolação só é destacada em Sue com o uso máximo do campo de força que lhe provoca hemorragia nasal e nunca vou entender porque esse foco de limitação prejudicial ser dado unicamente à ela). Agora vem a parte polêmica dessa bagaça, o vilão selecionado para enfrentar logo de primeira a equipe. Dr. Destino é uma falha ao mesmo tempo que também realiza um acerto. Pode não ser uma contraparte à altura dos quadrinhos, mas a construção de sua vilania segue perfeitamente no mesmo ritmo que a do heroísmo de seus ex-parceiros de trabalho, ainda que seja notável uma superficialidade tremenda e escancarada no acabamento final da performance até pra quem não conhece o personagem diretamente das suas origens quadrinísticas. Claro que a produção seria "covarde" em não apostar na fidelidade inserindo o vilão Toupeira em detrimento de outro com inigualável apelo de ação e fornecedor de possibilidades adaptativas que se cruzam com o roteiro.
Algumas cenas entediantes merecem ser puladas sem culpa, como o romance entre Ben e Lisa (inclusivo por parte do enredo como também correspondente ao drama do Coisa infeliz com sua nova aparência repulsiva a olhares que creem saber o que é ou não normal) e muita conversa acabou deixando a lentidão ficar mais evidente do que deveria. É do tipo de filme que reserva o gran finale com bastante gosto propositalmente colocando enrolações para fomentar expectativas e manter o espectador visualizando, embora a condução pouco contribua para garantir isso efetivamente (estou me referindo ao segundo ato que segue nas descobertas, nos testes, nos papos, o que gera uma falta de andamento interessante, não que eu quisesse ver uma balbúrdia explosiva digna de uma cinematografia de Michael Bay, é a composição executada que dirá se vale ou não julgar determinados momentos positiva ou negativamente dentro de um bloco de suma importância).
Considerações finais:
A primeira incursão do Quarteto Fantástico nos cinemas é simpática de modo seja possível enxergar seus dissabores com menos criticismo exagerado, podendo até ser válido dar uma nova chance porque nada pode ser considerado tão intragável que não guarde nenhuma qualidade, uma pérola escondida que faça pequena ou grande diferença ainda que não salve o conjunto geral (com exceções, claro). O filme da super-equipe tem o tom alto astral adequado para um filme de origem pé no chão (mesmo que no fundo seja só um acerto de contas entre colegas de trabalho afetados igualitariamente por uma fatalidade extraordinária) que não sai da sua proposta de divertimento fácil para um público abaixo dos 14 ou 15 anos.
PS1: Com a qualidade técnica ascendente dos filmes do MCU, esse daí virou pura Sessão da Tarde.
PS2: Nem se visto com várias oportunidades dadas para formar um pensamento concreto e diferenciado do que se achou na primeira olhada o filme ultrapassa o status do razoável-bom.
PS3: Em julho de 2009 ganhei uma versão definitiva em DVD que demorei meses pra conferir porque nessa época eu já tinha uma consciência de que não havia gostado tanto, mas segunda chance veio e compreendi o real propósito do longa: se sair minimamente bem sem captar o espírito das HQs.
PS4: O Coisa desse filme desfrutou de força suficiente para retorcer o carro do Johnny com a mesma facilidade humanamente possível de amassar uma bolinha de papel e desde quando vi pela primeira vez ficava com cara de bunda sem entender. Imagino um duelo entre Coisa e Hulk dos 70's (ambos partilham do aumento de massa limitado =P).
PS5: Qual era o plano de Victor Von Doom mesmo? Ah sim, vingar-se do Sr. Fantástico pelo prejuízo da missão que custou a sua empresa. Ademais, tem a invejinha bem triângulo amoroso de Malhação...
NOTA; 7,0 - BOM
PS1: Com a qualidade técnica ascendente dos filmes do MCU, esse daí virou pura Sessão da Tarde.
PS2: Nem se visto com várias oportunidades dadas para formar um pensamento concreto e diferenciado do que se achou na primeira olhada o filme ultrapassa o status do razoável-bom.
PS3: Em julho de 2009 ganhei uma versão definitiva em DVD que demorei meses pra conferir porque nessa época eu já tinha uma consciência de que não havia gostado tanto, mas segunda chance veio e compreendi o real propósito do longa: se sair minimamente bem sem captar o espírito das HQs.
PS4: O Coisa desse filme desfrutou de força suficiente para retorcer o carro do Johnny com a mesma facilidade humanamente possível de amassar uma bolinha de papel e desde quando vi pela primeira vez ficava com cara de bunda sem entender. Imagino um duelo entre Coisa e Hulk dos 70's (ambos partilham do aumento de massa limitado =P).
PS5: Qual era o plano de Victor Von Doom mesmo? Ah sim, vingar-se do Sr. Fantástico pelo prejuízo da missão que custou a sua empresa. Ademais, tem a invejinha bem triângulo amoroso de Malhação...
NOTA; 7,0 - BOM
Veria de novo? Provavelmente sim.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
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*Imagem retirada de: http://cyroay72.blogspot.com/2015/08/relembrando-o-quarteto-fantastico.html
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