Crítica - X-Men: O Filme


O primeiro grande passo para o renascimento dos filmes de super-heróis.

Crítica originalmente escrita em 05/11/2018

Tardou um pouco para que os filhos do átomo recebessem a transposição adequada aos cinemas, mas tudo que se encaminha para dar certo acaba dando no tempo certo, então o tempo foi otimizado da melhor maneira possível para que todos os campos de composição da obra estivessem prontos. As escalações são sem dúvidas um dos pontos que de longe podem ser considerados tacadas certeiras no alvo - não tem como não se deliciar com as interpretações magistrais de Patrick Stewart (Professor X) e Ian McKellen (Magneto) apesar da óbvia diferença que existe entre as duas representações no que diz respeito às semelhanças estéticas aos quadrinhos. Ao menos de boa parte do elenco, o que julgo ser exceção o James Marsden e seu apático Ciclope com quase zero de química com Famke Jassen (intérprete de Jean Grey, esbanjando segurança e firmeza no papel), mas em compensação, sem alterar a minha perspectiva quanto a sua atividade, formou uma rivalidade bem interessante com Wolverine (Hugh Jackman, apesar de detalhes físicos incongruentes, soube encarnar o carcaju numa atuação de respeito que merecidamente tornou-se longeva, definitivamente um dos personagens mais marcantes e emblemáticos da sua carreira) no triângulo amoroso chatinho com a telepata e futura receptora da Força Fênix.

O equívoco gritante já pairando com toda força nesse início de franquia (esse barco capitaneado por Bryan Singer que viria a naufragar mais alguns anos à frente) é a falta de exploração da pedra angular envolvendo a problemática dos mutantes: a harmonia coexistencial utópica VS. o preconceito vigente dos humanos. Faltou questionamentos, filosofias à parte do conflito direto no que se refere à humanidade em si. Tal elemento de tamanha necessidade não passou de um mero fiapo resumido pela presença do senador Kelly (vítima do plano de Magneto de transformar humanos em mutantes). Como destaques evidentes temos Wolverine e Vampira (Anna Paquin) numa relação de amizade por acaso que encontra no meio do caminho os seus lados desconfortáveis enquanto que no terceiro ato o que aparentemente se fazia letalmente prejudicial é usado em prol das circunstâncias. Um bom trabalho em equipe num longa que funciona como pontapé inicial, mas que internamente não exerceu tanta força de que precisava para um filme de origem mais poderoso e enriquecedor.

Considerações finais:

X-Men: O Filme tem sua relevância clara por ser integrante de uma pré-era dos filmes de super-heróis em consagração fortificada e sólida. Porém, extrai apenas a camada mais rasa do seu material de inspiração que por sinal deveria ter sido um guia de consulta ajudando a reverter muitos problemas. As qualidades principais e notáveis são verdadeiramente reconhecíveis, mas é um filme tímido para o começo dos mutantes no cinemático, um passo seguro e concomitantemente pouco arriscado, o que do contrário poderia ter criado um universo muito mais honroso em completude fiel.

PS1: Consigo imaginar o tanto de gente que quebrou a cara na época ao ver a equipe de collant preto de couro super-apertado em vez da diversidade dos uniformes nas HQs que tornava cada mutante visualmente único.

PS2: O caso do Dentes-de-Sabre é um tanto engraçado. Fidelidade é ótimo, imprescindível em vários filmes do sub-gênero, mas o que fizeram no trabalho de caracterização no inimigo de Wolverine torna impossível encarar com um tiquinho de seriedade. O abominável mutante das neves oxigenado (x_x).

PS3: Irmandade dos mutantes introduzida como se deve que é bom... nada. Só o Groxo é desanimador (que teve uma derrota - ou morte? - vergonhosa pela Tempestade - agradavelmente interpretada por Halle Berry mesmo o roteiro não dando espaço para a extensão dos seus poderes).

PS4: Vou dar uma relevada quanto aos efeitos (principalmente os da Mística), o filme foi lançado em 2000, não é justo descontar pontos numa produção atualmente datada nesse quesito.

NOTA: 7,0 - BOM 

Veria de novo? Provavelmente sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

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